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Liderança e Motivação

O Papel da mulher no ambiente de trabalho e o equilíbrio da vida

Tempo de leitura estimado: 5 min.

As mulheres ganham cada dia mais espaço, seja na política, na ciência ou na economia. São empreendedoras, juízas e doutoras. Estão por toda parte e seguem lutando por seus direitos. O papel da mulher vem trazendo ainda mais responsabilidades.   

São responsáveis por cuidar da casa, filhos, fazer compras, administrar as contas, cozinhar, limpar e ainda cumprir as jornadas de trabalho de todos os dias. 

Elas se reinventam, buscando equilíbrio e seguem cada dia mais tornando-se protagonistas em suas vidas pessoais e profissionais.

Conversamos com 3 mulheres de diferentes idades, culturas e áreas profissionais para entender como elas se veem no âmbito profissional e como equilibram outros papéis, como os de esposa, mãe e amiga. 

A Mulher no ecossistema corporativo

Historicamente a Mulher sempre exerceu um papel secundário no plano econômico e social, e atualmente vive um momento em que vem alcançando voz e lugar em lideranças femininas, em uma narrativa em que muitos homens ainda têm papel favorecido no meio profissional.

As pessoas me diziam que eu não precisava negociar ou resolver problemas. Eu respondia que não é por que sou mulher que não precisava negociar, brigar ou bater de frente com as pessoas”, lembra Luciana Gallo – Diretora Financeira da Empresa Nobre Cestas. 

Muitas mulheres ainda passam por dificuldades para adentrar o mundo corporativo pois são vistas como muito sensíveis em um papel que não podem se impor ou decidir. Além disso, algumas mulheres acabam deixando de lado a feminilidade para se encaixar em papéis que até então eram tidos somente para homens.

“Com 15 anos, eu não tinha a maturidade que tenho hoje, portanto, minha primeira estratégia foi imitar aqueles homens que me cercavam para tentar ser melhor que eles”. Lembra, Rebeca Toyama, Especialista em educação corporativa, carreira e bem-estar financeiro, em sua trajetória no mercado financeiro.

Estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo as mulheres sendo maioria no Brasil, existe uma grande desigualdade de gênero no mercado de trabalho. 

E é nesse cenário que elas ainda são quem mais sofre com a desvalorização de sua presença no ecossistema corporativo.

A Sombra do Passado 

A mulher é hoje fruto de uma estrutura e recorte sociais do passado, em que no período colonial, eram colocadas em segundo plano sem a oportunidade de voz ou decisão.

Hoje em dia mais do que nunca, a mulher trilha o caminho profissional com mais afinco, visando assim atingir a valorização e reconhecimento de seu trabalho, já que inevitavelmente ela é comparada e se compara à figura masculina no mesmo ecossistema.

O ambiente corporativo ainda é um lugar machista, o que faz dele um meio mais desafiador para as mulheres que lutam para serem aceitas ou ouvidas. Além disso, como Toyama, tendem a se masculinizar para fazer parte do grupo e ganhar algum espaço.  

Por mais empoderadas e profissionais que as mulheres mostrem ser hoje em dia, ainda existe muito machismo e preconceito para serem quebrados dentro de empresas que acreditam que apenas homens são capazes de exercer um bom trabalho. 

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA 2019), a presença feminina no mercado de trabalho mostra que o número de mulheres entre 17 e 70 anos empregadas no país passou de 56.1% em 1992, para 61,6% em 2015, com projeção para atingir 64,3% no ano de 2030, ou seja, 8.2 pontos percentuais acima da taxa em 1992.

Contudo, é nessa perspectiva que vemos que existe um longo e árduo caminho a ser percorrido para que todas as mulheres sintam maior oportunidade de lugar e espaço no ecossistema corporativo

Quando falamos do pouco espaço que a mulher tem no ambiente do trabalho, é informado em destaque pela revista Exame que, entre as 500 maiores companhias do país, apenas 20 (ou 4%) têm uma mulher no comando – um desafio ainda maior para mulheres negras.  

Conforme o site Exame, “quanto mais alto o nível hierárquico, maior a dificuldade para as mulheres superarem a barreira de gênero”, pesquisa por IBGE referente 2015 a 2016.

Jogo Desigual 

A mulher, por natureza, tem a facilidade de realizar diferentes tarefas ao mesmo tempo, e faz isso com eficiência e flexibilidade.

“Na minha posição, seja de profissional ou não, lido com diversos tipos de pessoas, e no trato com essas pessoas é necessário achar um equilíbrio em ser adaptável e flexível” Explica Luciana Gallo.

Tendo isso em vista, elas ainda buscam equilíbrio em seus afazeres, sejam eles pessoais ou profissionais. Contudo, manejar essa variedade de tarefas simultaneamente pode ser algo extenuante. Como lidar com isso?

Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ajuda na compreensão em torno das dificuldades que as mulheres enfrentam na inserção no mercado de trabalho. 

Mulheres de 25 a 49 anos com presença de crianças de até 3 anos de idade vivendo no domicílio se mostram como um fator relevante. O nível de ocupação no mercado de trabalho entre as mulheres que têm filhos dessa idade é de 54,6%, abaixo dos 67,2% daquelas que não têm.  

A situação é exatamente oposta entre os homens. Aqueles que vivem com crianças até 3 anos registraram nível de ocupação de 89,2%, superior aos 83,4% dos que não têm filhos nessa idade.

A pesquisa ainda mostra que o trabalho doméstico aumentou. “No Brasil, em 2019, as mulheres dedicam-se aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens (21,4 horas semanais contra 11,0 horas).” IBGE 2019.

A mulher ainda é vista como quem deve cuidar da casa e dos filhos, cenário este que ainda se repete desde o período colonialista, quando eram marginalizadas de toda e qualquer atividade política ou econômica, sendo culturalmente ensinadas a serem boas mães e boas esposas, pois as suas funções se concentravam nos trabalhos domésticos e nos cuidados dos filhos.

Um Para Você e Dois Para Mim

A disparidade salarial também é um fator culminante quando colocados na balança o salário de uma mulher e de um homem em funções que asseguram maiores ganhos.  

Mulheres receberam, em média, 77,7% do montante auferido pelos homens. Entre diretores e gerentes, as mulheres receberam 61,9% do rendimento dos homens. O percentual também foi alto no grupo dos profissionais da ciência e intelectuais: 63,6%. Dados informados em pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2018.

Na conjunção da pesquisa, mulheres ainda estudam mais que homens e trabalham mais horas nos afazeres domésticos, ademais recebem salários menores e têm menos cargos de poder.   

Na política o cenário é ainda pior, com índice de 10,5% dos deputados na Câmara sendo mulheres. Elas eram cerca de 50,6% da população brasileira no momento da pesquisa, segundo o IBGE.

A luta pela igualdade de gênero  continua, e ainda há uma trajetória muito grande para que se alcance a paridade em termos salariais, econômicos, culturais, sociais e tudo que diz respeito ao cotidiano da vida. 

É fundamental que essa problemática seja colocada em pauta e que haja a conscientização e a discussão sobre a desigualdade de gênero e valorização da figura feminina.     

A Equilibrista 

Além de estar na corrida por espaço e igualdade, a mulher se vê como uma acrobata também na vida social, buscando algumas estratégias para conciliar o trabalho, família e amigos. 

Onde encontrar o tão sonhado equilíbrio? 

É preciso ter clareza do que realmente é essencial na vida, diferenciando os papéis nos quais sou insubstituível, dos que posso ser substituída e assim saber priorizar e distribuir meu tempo.” diz Toyama.

O segredo é a dosagem e a prioridade que se doa em seu cotidiano, como se  diz a expressão popular, “nem tanto ao mar, nem tanto à terra”. Entretanto, o trabalho é o afazer que mais demanda tempo do dia, logo é necessário saber distribuir na balança da vida o proporcional para não se doar muito mais para um do que para o outro.

Sempre mantenho contato com minha rede de apoio, meus amigos, família. E evito ao máximo deixar o trabalho tomar conta da maior parte da minha vida. Meu trabalho me realiza, mas minha vida é mais importante.” Afirma Ana Paula Belo Macagnani, Designer e idealizadora do projeto Pole Gordas.

O equilíbrio está nas prioridades: saber a hora de se jogar no trabalho, reconhecer a necessidade do descanso e compartilhar momentos com quem se ama. Isso é um ato de carinho e respeito para consigo mesma.

Super Poderes

Muitas mulheres ainda precisam demonstrar o dobro de esforço e profissionalismo se quiserem crescer e construir uma carreira de sucesso. Isso só aponta que ainda existe um grande caminho a ser percorrido.

Entretanto é notável o destaque de mulheres que alcançam seus espaços, pois,  equilibrar todos os aspectos da vida já as tornam “Super Mulheres”, e apesar de tantas dificuldades, anseios e obstáculos, a mulher se evidencia  onde quer que esteja.

Sejam artistas, economistas, mães, doutoras, pesquisadoras ou inventoras, elas têm o superpoder de ser quem elas quiserem ser.

Precisamos ser a primeira pessoa a acreditar em nós mesmas. O dia que nós mulheres realmente entendermos a essência de nosso papel no mundo, não haverá mais necessidade de batalhas, pois respeitando a diversidade que habita em nós e no outro, será mais fácil encontrar o caminho do feminino sagrado”. Afirma Rebeca Toyama.

É da essência feminina se reinventar, achar meios, contar uma nova história e buscar o que ela quer. 

Não se compare com ninguém. Se olhe com carinho, se ame. Demora, é um trabalho árduo e constante, mas quando você descobrir que é capaz de tudo, não vai se importar com a opinião de mais ninguém”. Diz Ana Paula Belo Macagnani

A mulher é essa força imperturbável, que vem pela história construindo caminhos, derrubando muralhas e movendo outras mulheres a saber seu verdadeiro valor seja qual for sua origem, raça, credo ou religião.

“As pessoas me diziam: “você não precisa negociar, deixa que eu negocio pra você pois você é mulher. Eu respondia que não é porque sou mulher que não preciso negociar ou bater de frente com as pessoas, mas sim me desafiar todos os dias e tentar buscar meu lugar seja onde for”, diz Luciana Gallo, Diretora Financeira da empresa Nobre Cestas, em relação ao seu papel como mulher no mundo corporativo. 

Mesmo com as dificuldades da vida, elas são corajosas, lutam por igualdade, pela justiça, e levam intrinsecamente a suavidade e o poder de transformar problemas em soluções. 

São verdadeiras Heroínas, pois seus Superpoderes são se reinventar e persistir por um futuro melhor.  

 

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escrito por
Vanessa Faria
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